sábado, 9 de junho de 2012

A força da linguagem e suas palavras



Platão teorizava que a linguagem possuía o remédio contra a ignorância, contra o desconhecido. Afirmava que apesar disso também carrega consigo o veneno capaz de entorpecer os sentidos, tornando o receptor suscetível à aceitação de qualquer conceito, mesmo que inverídico.
Para Platão, a linguagem é capaz de disfarçar o verdadeiro propósito do agente que a utiliza e que a profere utilizando-se das palavras. Palavras que maquiam, que podem imediatamente enganar quem as recebe.
E a poesia de Drummond exprime exatamente isso: As multifaces da palavra, que carregam consigo os fatores extra-linguísticos capazes de verdadeiramente desvendá-las.
A ideologia , os preceitos e preconceitos do sujeito que as profere, o contexto social no qual está inserido, a cultura que o mesmo adquiriu ao longo da vida , sua classe social e o papel que assume dentro da sociedade na qual está inserido. Drummond, assim como Platão chama a nossa atenção para que a força da linguagem e suas palavras – Elemento preponderante na construção de um discurso, na exposição de uma idéia. Eles nos convidam, Platão com sua teoria e Drummond com sua poesia, a mergulhar nas águas profundas da interpretação, da hermenêutica.
Nos convidam fundamentalmente enquanto operadores do direito, a entender as várias possibilidades do uso da linguagem para assim construirmos nosso discurso , fazendo o bom uso das palavras. Afinal, de nada valeriam as normas jurídicas sem elas .
É preciso conhecer o conteúdo existente por trás das palavras e para isto é importante utilizar as chaves que cita o poeta. Essas chaves são os instrumentos que o sujeito precisa para fazer valer a norma jurídica.
Em poder das chaves, que representam a capacidade de interpretar os fatores extra-linguísticos , é que o operador do direito poderá dar vida a norma.
A Norma Jurídica escrita, desenhada em seus intermináveis “papeis” não tem vida, não podem por si só produzir qualquer efeito, senão a partir do agente que fala, com “palavras carregadas e sujas de História” como Paulo Leminsk descreveu
A Norma Jurídica é viva se falada e bem aplicada se lida com os olhos propostos pelo poeta, se discernida com a destreza do filosofo.
(E que grande filósofo!).

Ao Adolescente, o Inferno. Que direito é esse?


Todos sabemos que vivemos na atualidade um caos econômico social, onde todas as esferas da sociedade são atingidas direta ou indiretamente.
Mas como podemos visualizar mudanças, num país onde os “legítimos representantes das possibilidades de avanços para o futuro” são tratados como “pacientes terminais?”.
O Texto proposto para análise, nos remete a uma questão de suma importância para o “Amadurecimento” da sociedade Brasileira: Como garantir o Progressos da Nação, tendo nossos Jovens Adolescentes “Enjaulados” em instituições falidas como as unidades do DEGASE.
Até quando o Poder Estatal produzirá “Seres Marginais” como os que se formam sob a tutela destas instituições?
Sabemos que a Carta Magna e os “Estatutos e Códigos Específicos para menores são os modelos ideais do ponto de vista jurídico para conter os atos ilícitos e coibir delitos, além de possuir mecanismos que garantem direito aos mesmos “A ampla defesa e contraditório”. Mas como esperar que essas instituições – que em muitos aspectos representam apenas instrumentos de articulação política – irão, de fato, produzir a ressocialibilização de menores infratores?
No nosso mundo globalizado a lei que impera sobre todas as sociedades é a Lei do Indivíduo, os “Direitos” individuais onde o coletivo está (infelizmente) apenas nos discursos inflamados das minorias pensantes que, desarticuladas, não produzem efeito;
ou ainda na voz dos representantes eleitos, que uma vez empossados em seus “Super Cargos”, se tornam discípulos sofistas de uma corrente poderosa que domina as estruturas do país.
Infelizmente, a raiz de todas as feridas que vimos abertas na sociedade brasileira como num todo, está na “Incapacidade Proposital”, porque acredito que essas instituições estejam funcionando desta maneira por puro “Interesse Político”, de uma classe que domina as estruturas do poder, não só em nosso país, mas em outros países que não conseguem se desenvolver.
Ora, se o futuro está nas mãos dos “Pequenos” porque os poderes constituídos não investem (de verdade) nos mesmos?
A resposta, do meu ponto de vista, é clara:
Promover a “Capacidade de Pensar”, é uma ameaça ao modelo Neo-Liberalista, que sobrevive da alienação em massa.
Formar pessoas capazes de articular transformações é uma iniciativa que pode abalar os alicerces do poder hegemônico da minoria detentora do capital e com isso mudar realmente o curso da História.
Dêem o inferno aos adolescentes, o castigo eterno, porque Jesus dizia que: “ O reino dos céus é das criancinhas”.

“Pois todos sabem que a lei é pra pobre, preto e puta...”


Vivemos o “Momento da Passagem” e o nosso estado desfalecendo dá os primeiros sinais de sua morte anunciada. Assistimos ao desrespeito para com a nossa constituição com a mesma ingenuidade e bom humor que os nativos índios desta terra tropical receberam nossos colonizadores.
A atualidade nos sinaliza avanços científicos, intelectuais e tecnológicos, mas o que vimos hoje, mais de cinco séculos, pós-descobrimento oficial, representa um retrocesso. A constituição vigente, exaurida pelas intermináveis emendas que objetivam uma maior aplicabilidade das leis, em nada se aproxima do ideal para o desenvolvimento de nosso estado e por isso, além de sermos obrigados a viver sob essa carta vazia, acabamos por compartilhar este senso crítico satirizado.
É lamentável que vivamos sob uma constituição tão inoperante, tão inadequada à realidade vigente, e pior ainda é bancar o “bobo da corte” e fazer piada com um assunto tão importante.
Temos sim, que nos organizar socialmente, lutar pela valorização das instituições através de participação efetiva nos processos de reconstrução da ordem social. Sem dúvida alguma, isso significa um esforço pessoal maior do que para criar momentos de descontração humorística, porém nos garante ao mínimo a certeza de que não estamos de braços cruzados , mas num processo de evolução que culminará num novo ESTADO, inevitavelmente.